Breve definição sobre Desenvolvimento Humano Catártico e Terapêutico

10-01-2015 16:44

Desenvolvimento Humano Catártico e Terapêutico

 1.    Introdução:

Este trabalho surge no âmbito da Unidade Curricular: "Desenvolvimento Humano Catártico e Terapêutico", que faz parte do Mestrado em  Criatividade e Inovação, a decorrer no ano lectivo 2010/2011, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto.

Iremos fazer uma breve descrição do que é para nós o desenvolvimento humano, catártico e terapêutico.

Dividido em duas partes, começamos por um pequeno devaneio de palavras sem sentido e com sentido, sem articulação e com articulação entre si, onde daremos uma ideia geral do tema.
Posteriormente e como nos é facultado a utilização de outro elemento para além do verbo e como mantemos uma estreita relação com o desenho e a cor, com a cozinha e a culinária, com a catarse e o desenvolvimento, com o bem-estar e a terapia, vai daí, ousámos imaginar um pouco e criar. Vamos desenhar, rabiscar e dançar com as palavras, dando-lhe cor e movimento.

1.    Apresentação do trabalho

Criar é imaginar, expressar, inovar, é sentir, rir, dormir, acordar e encher os pulmões de ar, tudo isso é sei lá... imaginar com criatividade, é brincar, jogar, dançar, representar, escrever, pintar, desenhar, e ousar cantar, sem medo de chatear, mas sim ousar tocar na sensibilidade de cada um de nós, sem receio da idade, nem da maldade, ou de qualquer olhar, ou apontar malicioso, maldizente, não condizente, humilhante e não brilhante.

Caminhando passo a passo, de mãos dadas ou sem mãos, com deus ou o diabo, com estrelas ou sem estrelas, no céu e na terra, aceitando o branco e o preto, o dia e a noite, aceitando os erros, a diferença, não tendo medo da inovação, de trabalhar com o coração, com toda a nossa pulsão, assim nos tornamos gente, assim desenvolvemos a nossa personalidade, aceitando e assumindo uma multiplicidade de personas e abandonado outras para trás, conseguindo ver mais longe e com maior nitidez. Alguns dizem que assim crescemos, talvez sim, talvez não, mas quem quer ser crescido? Para quê e porquê?

Crescer é uma chatice, implica deixar de brincar, deixar de pintar, deixar de jogar, deixar de respirar. Crescer é um aborrecimento, é uma seca, para quê crescer? Quero, queremos todos deixar de crescer, era tão bom estar de papo para o ar e respirar, ...sem crescer, deixar apenas estar e gozar. Crescer é chato, não é elegante, ficamos velhos, aborrecidos, os sonhos desaparecem, não nos deixam sonhar, nem tão pouco dançar. Á noite começamos a ressonar, parece que até nos falta o ar. O ar dos crescidos é negro, faz mal à saúde, está poluído, não nos deixa ver as nuvens nem tão pouco os pássaros que em novos ouvíamos cantar alegremente, quando estávamos de papo para o ar. Passamos a ver apenas uma solução para um determinado problema, aliás começamos a ser um problema, vestimos uniformes e agimos segundo regras, leis e convenções. Se aparecer outro tipo de problema ou outro tipo de solução, depressa ficamos com o coração na mão e perguntamos: E agora? O que fazer?

E é assim, toda a viagem que começa tem um fim, então porque temos tanto medo do nosso próprio fim?
Nascemos, crescemos e morremos. Não queremos crescer, porque em grandes não podemos brincar, saltar e pular, resmungar e dançar. Porque temos tanto medo de crescermos e passarmos de bébés para crianças, jovens, depois adultos, e depois...chamam-nos velhos, quotas, pré-históricos, dinossauros, antiquados, fora da validade, enfim sem idade. Afinal todos nós precisamos de desenvolvimento catártico e terapêutico. Terapêutico? Começamos pelo fim, terapêutico vem de terapia, asfixia, mordomia, mas afinal o que é isso de terapia?

Olhamos em redor, para os jornais, para a literatura, para as máquinas, internet inclusive e depressa encontramos: aromaterapia, risoterapia, terapia dos perfumes, terapia do amor, terapia do sexo, terapia do casal, terapia familiar, terapia psico-corporal, terapia de ervas, terapia vocal, cromoterapia, massoterapia, massagem tântrica, quiroterapia, reflexologia, iridiologia, numerologia, terapia reichiana, terapia de vidas passadas, terapia new-age, terapias breves, terapias mediadas assistida por animais, zooterapia, assinoterapia, equinoterapia, hipoterapia, hidroterapia, geoterapia, chocolaterapia, citroterapia, terapia cognitivo-comportamental, terapia sistémica, biodanza, terapia holística, terapia comportamental, terapia centrada no cliente, psicodrama, sociodrama, ludoterapia, análise transaccional, bioenergética, e por fim no campo das artes a arte-terapia, musicoterapia, dançoterapia, dramaterapia, a poesioterapia, teatroterapia, entre muitas outras.

Livra, que isto é muita terapia!

Afinal terapia é uma palavra importante, daí tudo o que é terapêutico deve ser importante. Terapêutico diz respeito a tudo o que nos faça sentir bem, que promova o nosso bem-estar físico e psíquico. Enfim, tudo aquilo que nos faça desenvolver internamente e externamente. Internamente implica aprofundar a forma de vermos, percepcionarmos e reflectirmos sobre as coisas, externamente a forma como nos relacionamos com a realidade exterior e com o mundo das coisas e dos outros. Muitas vezes ouvimos a palavra desenvolvimento pessoal. Ao pessoal acrescentamos o social e comunitário já que este é resultado do individual.

Passemos agora para a catarse, para a libertação da emoção, da tensão, da pulsão acumulada. Implica descarga de energia, projecção, descarregar, soprar, arejar, movimentar o ar. Da mesma forma que tudo aquilo que nos faça sentir bem pode desempenhar uma função terapêutica, será que tudo o que é catártico é bom? Toda a catarse é benéfica para o desenvolvimento pessoal? Não!

Errado. Temos de ter muito cuidado, porque a catarse se não for correctamente contida, pode conduzir-nos à loucura, à alienação total e até mesmo á desrealização. A catarse só é terapêutica se for bem desempenhada e se do outro lado estiver alguém com capacidade contentora e reparadora, senão poderá ser muito destruturante e desorganizadora.

A catarse tem de ser devidamente tratada senão, nós homens viveríamos sempre segundo aquilo a que Freud chamou de princípio do prazer, seria algo esgotante, já que faríamos aquilo que bem entendêssemos com vista à obtenção e satisfação do desejo e nunca haveria lugar para a responsabilização, para a razão, para cumprirmos as exigências do princípio da realidade. Embora a sociedade ocidental nos obrigue a fecharmo-nos sobre nós próprios, nos torne excessivamente racionalistas, automáticos e rotineiros, já que vivemos numa época caracterizada pelo pensamento operatório (raciocínio concreto, orientado para o real com interesse no actual e factual), onde pouco se liga às emoções, não há ligação à actividade fantasmática, o pensamento está ligado à acção. A nossa civilização é racionalista, separa-se a razão, dos sentimentos e das emoções. O "saber objectivo", a racionalidade, tornou-se o valor básico da moderna Sociedade .

A sociedade é informática, audiovisual, tecnológica, vivemos numa constante corrida contra o tempo, que nos esgota e consome. Ouvimos, muitas vezes, dizer que a sociedade privilegia o "Ter" em detrimento do "Ser".

Consumir quer dizer fazer da mesma maneira que, ser parecido com toda a gente, vestir-se segundo determinado modelo, comer, viver como outro qualquer. Somos constantemente bombardeados com o apelo ao consumismo de forma compulsiva, não sabemos bem de quê, mas consumimos. Aquilo que desejámos ontem, hoje ocompramos e amanhã deixa de fazer sentido e fica de lado. O consumo despersonifica, cria modelos, modas, maneiras certas de nos comportarmos.

Perante este cenário, já viram como importante é o desenvolvimento humano e catártico?
Se não ousarmos criar, ficamos presos no racionalismo, tornamo-nos seres quase que autómatos, sem ideias e sem vontade própria, com uma grande rigidez no nosso psiquismo, o nosso comportamento deixa de ser plástico e móvel e torna-se rígido e estéril. A catarse desempenha um elemento fundamental para podermos fugir da rotina do dia-a-dia, dos chamados stresses e demais amigos camuflados geradores de ansiedade, tristeza, dificuldade e preocupação. È necessário criar espaços livres para podermos exorcizar os nossos medos, os receios, os desejos e as angústias, por mais ou menos primitivas que estas sejam. Enfim temos de conseguir sorrir, ir e vir, dançar e cantar, espernear e bracegar, subir e descer, inspirar e expirar, à medida que nos desenvolvemos enquanto pessoas, já que somos construtores da nossa própria história. Como seres vivos, somos criativos, activos participativos e dinâmicos.

Criação, sensação, intuição, imaginação, transformação, tudo o que acabe em ão, como paixão e coração. Ao falarmos em coração, terminamos estas linhas, apelando a algo extremamente fundamental em todo o nosso desenvolvimento e que sem ele, este mesmo é bloqueado e inibido. Dá pelo nome de Amor. Todos nós precisamos que as nossas iniciativas sejam acolhidas com confiança e amor, necessitamos que a nossa espontaneidade e liberdade não sejam coarctadas de forma a podermos exprimir toda a nossa autenticidade e genuinidade, para assim podermos desenvolver a capacidade de confiança e respeito por nós próprios, assegurando desta forma a verdadeira identidade.

" O verdadeiro amor nunca se desgasta.

Quanto mais se dá mais se tem"

(Saint-Exupéry)

 

Referências

400 Grs de disponibilidade interna, persistência e teimosia

300 grs de alegria e optimismo

200 Grs de boa disposição

60 Grs açúcar ou adoçante

20 Grs pitada de sal

20 Grs pitada de pimenta

1 rodela de limão e 1 pau de canela